sexta-feira, 26 de abril de 2013

DOR DE CIÚME


TODA DOR É CIÚME

VAIDADE DE QUEM NÃO REZA
PULVERIZA DE AMARGO
PRISÃO DO EGO
VERTIGEM DO INFERNO
QUERO A VÍVIDA DOR DE NADA PERTENCER
DE NADA TEMER
DE NADA TER
DE NADA. 
TER NADA. 
VIVER SEM PERTENCES
OU NÃO SER DE NINGUÉM
DOR DE CIÚME
DOR DE AMOR
GARGANTA DOÍDA
FEBRE DOIDA 
DO OLHAR DA POSSE
DA MÃO QUE NADA PRENDE
DA PALAVRA QUE NÃO PODE SER GRITADA
POR SER DESELEGANTE.
POR NÃO PODER POSSUIR NADA.
NEM MESMO A PRÓPRIA DOR DO CIÚME
ESTA DOR ACORRENTADA. 


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O tumulto (Por Bruckner & Finkielkraut)

Eu te amo: essa mensagem supostamente primeira e una é na verdade um entrelaçado de afetos exclusivos e indissociáveis, e sua aparente simplicidade combina o júbilo, a ansiedade, a homenagem e a alergia. Sussurrar essa confissão é algo que dá a entender uma verdadeira cacofonia sentimental na qual o amor é cantado de todos os modos.
"Eu te amo" é antes de mais nada (é esta sua evidência gramatical) uma fórmula assertiva: ela proclama um êxtase, afirma um paroxismo, dá nome a uma felicidade. É também uma opção: digo "eu te amo" a fim de tornar a ser o "eu" que, depois de meu amor, não sou mais, para reintegrar o reino interior de interioridade e de substância de que fui despojado. Falo de um não-lugar - dali onde deixei de estar; designo um lugar - "você" - onde o Outro ainda não está, mas onde quero que ele baixe. "Eu te amo" é, portanto, uma expressão propiciatória que demanda dos pronomes a criação de pessoas: "eu" exprime a nostalgia da interioridade perdida, e "você", o desejo, o desejo de que o objeto amado corresponda a uma identidade. Em "eu te amo" há também veemência do imperativo: ame a mim! Ordeno que me ame! (...)


O fim do modelo conjugal


(...)O casal é um espelho fiel em que se reflete o desgaste produzido pelo capitalismo na sociedade. Talvez. Mas não é possível dizer também que é a impossibilidade em que nos mantém a sociedade de nos desenvolvermos nela, que sustenta, contra suas próprias desilusões, a cidadela amorosa? Somente num mundo infeliz é que o desejo de ser feliz é tão obstinado, e é nesse mundo que a felicidade deve invariavelmente assumir a forma da quietude almofadada, da intimidade celular: quero que haja um casal para que haja um exterior e um interior, para passar na rua sem padecer de um anonimato (pois tenho uma casa nossa), para escapar à incerteza sedutora, para me afastar , em suma, da paranóia social. O casal não é tanto uma renúncia quanto uma fuga: ele continua a ser a instituição mais acessível a todos aqueles que são atormentados, senão por um grande ideal passional, pelo menos pela necessidade de segurança e o desejo de desconexão. (...)


Os dois sonhos do amor


A paquera é incessantemente assombrada pela vertigem de sua própria superação. Por tornar a sexualidade ansiosa em relação a si mesma, por mergulhar o desejo na incerteza de seu destino e o indivíduo na inquietação de sua imagem, a sedução sonha, em contrapartida, com um espaço seguro onde o Outro seria sempre oferecido, pois teria aberto mão de seu poder de dizer não, onde a satisfação não seria o objetivo de uma batalha, onde o genital não seria negociado, onde, enfim, não mais seria necessário passar no exame para chegar ao gozo. (...) Não é possível salvar o amor das exlusões que ele pratica, dos compromissos que assume com o mundo, das feridas que o ameaçam e da incerteza em que atola. O que não significa, por certo, que nenhuma melhora seja possível, que nenhuma transformação afete o teatro pulsional e sentimental: mas essas mudanças perceptíveis (pluralização dos critérios, emergência do desejo feminino, fim do antigo cerimonial, multiplicidade das paqueras a fim de evitar a Paquera) não são sintomas de agonia: não assistimos às convulsões do velho mundo, o amor não está prestes a abandonar os maus locais da transação para ocupar enfim um espaço de inocências, não somos os portadores de nenhuma boa nova, não existe um além da sedução. 


Às vezes, bem às vezes, eu desejava não saber de algumas coisas...
A ilusão e/ou a fantasia podem servir como pseudópodos importantes à locomoção. Sério! Eu vivo dessas "evaginações". (risos)

Renoir - The dance



quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Espelho, espelho meu...

Existe alguém mais inconstante do que eu?


Pensando nas minhas milhares de metamorfoses, termino querendo resguardar-me de ameaças.

Por que esconder? E de quem? Que tipo de ameaça ando sofrendo?
Eu sei...

Reclusão é preciso. Não estou escondendo de nada, nem de ninguém, estou apenas querendo mais minha companhia...
Engordei esses meses, e estou muito triste, pois li que a gordura, pensando psicossomaticamente, é nada mais do que esconder de afetos, do medo do 'fora', de dizer NÃO. O hipotireoidismo veio só arruinar meu sono, trazendo-o em maior intensidade, no entanto a causa disso tudo eu bem sei: quero isolar meu corpo ao máximo da mesmice... Ando em guerra comigo mesma, não querendo sair de casa, nem levantar da cama, mas isso só faz parte da minha atuação. Quero ficar comigo, não quero lembrar de mim ao ver pessoas... Não estou em condições de interação... Apenas virtual.

Será que cheguei ao meu limite? Não me suportar é o mais trágico que já cheguei, creio.

Bom, já estou bem melhor...

Hoje levantei da cama algumas vezes... Mas continuo refugiada aqui.

"E ela não passava de uma mulher... Inconstante e borboleta." (Clarice)

terça-feira, 8 de junho de 2010

Quais são as cores?...

Quase um segundo

Eu queria ver no escuro do mundo

Aonde está o que você quer
Pra me transformar no que te agrada
No que me faça ver
Quais são as cores e as coisas pra te prender
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei

Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?

Às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo
Tudo que não me deixa em paz
Quais são as cores e as coisas pra te prender?
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei

Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?
(Cazuza)
A melhor parte é "às vezes te odeio por quase um segundo..."




terça-feira, 30 de março de 2010

A vida passada...

Eu tenho certeza. Tenho mesmo. Fui Anaïs Nin na vida passada. Temos os mesmos medos, as mesmas angústias e até vivemos pensando misticamente os afetos e as formas de ver a vida. Erotizáveis, penetráveis...somos uma só. Temos muitos amores, alguns não correspondidos, outros fora do tempo, platônicos, atônitos... Mas o que mais me alucina em ler os diários dela é a doçura das palavras, o envolvimento em cada linha chega a ser tão forte que me tira a fome, e nada tira minha fome... além de um amor...Amor qualquer...

"Ah, Deus, não existe uma alegria maior do que o instante em que adentro um novo amor, não existe um êxtase como o de um novo amor. Flutuo nas alturas; meu corpo se enche de flores, flores com dedos que me fazem carícias intensas, intensas, faíscas, jóias, arrepios de alegria, vertigem, muita vertigem. Música dentro de mim, embriaguez. Apenas fechar os olhos e recordar, e a fome, a fome de mais, mais, a grande fome, a fome voraz e a sede."

sábado, 6 de março de 2010

Baby, I'm gonna leave you.

A beleza que desgasta a alma, cansa o amor, fere o coração e causa náuseas aos corajosos.
Esta beleza a qual me refiro é só uma beleza de passagem, simbólica, ilusória e efêmera. Não há como segurá-la. Você me cativou, isso é fato. Mas não admiro seres apreensivos e resistentes. Aprecio os [des]cabeçados, exaltados e ferozes, que vibram frente ao objetivo maior passando por cima de tudo e de todos. Estes sim, ganham muito mais que meu calor. A capacidade que cada um tem em se desvencilhar da dor é tanto relativa quanto a força que entra na própria dor. A única coisa pela qual sinto prazer é extasiar-me conquistando lugares. Te conquistei e você foi o único que quis manter território, lembre-se disso. Meu coração nômade quando vai de encontro ao regente fogo se perde de vista do foco ao festejar nos percursos... Mas você ficou no meio, não como uma pedra, mas como um tesouro que tanto procurei e tive. Só que o tesouro não serve mais para mim... Seu medo impede nossa caminhada... E eu ando cheia de calos de tão cansada de fazer mil voltas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Por que impulsiva?


O que é o limite?

Impulsos me conduzem...
Quebro a cara,
rasgo meu coração
e sofro... sofro...

Bati o olho em um livro hoje e imediatamente comprei.

"(...)os freios estão presentes, porém os impulsos são vividos de forma intensa e, de forma recorrente, superam a inibição. A impulsividade é classicamente descrita como um comportamento ou traço do temperamento estável da personalidade, mas também pode ser um fenômeno adquirido por lesão do sistema nervoso central (...)"